quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Um texto desnecessário

A política é, sim, inegavelmente, um ambiente propício para a exteriorização e amplificação dos vícios humanos. Por séculos, foi na concentração despótica e na divinização pessoal que fazia a soberania ser confundida com um único sujeito. Esse soberano não era responsável pelos seus atos, de modo que sua vontade tinha em seu irrestrito alcance a vingança como meio de seu exercício, sem qualquer espaço para qualquer questionamento.
Mas a inquietude da razão humana ousou questionar. E daí o Estado passou a ser tido não como um fim, mas como o meio onde as pessoas poderiam exerceu suas liberdades sem que qualquer um a ameaçasse, tendo como limite a própria liberdade alheia. Daí, também, frente às inúmeras debilidades na vida dos que durantes esses séculos obscuros foram relegados à penúria de uma vida sem o mínimo de qualidade, que também se impôs ao Estado o dever de prover os bens básicos para todos, de modo que, dessa forma, todos os homens e mulheres vivessem em solidariedade. 
Liberdade, Igualdade, Fraternidade, três gerações na evolução dos direitos fundamentais, um mundo com menos diferenças e sofrimento.
A política passou a ser também o ambiente em que a virtude humana poderia ser exercida.
Quem nega essa possibilidade, nega esses séculos de evolução, nega também essa própria possibilidade de que todos sejam, como o são materialmente, iguais.
Negar o Estado Democrático de Direito é negar a beleza ímpar e o triunfo da razão frente à ignorância e à violência.
Não deixemos que a indignação nos torne piores, pois sempre há uma saída para a frente.
Neguemos sempre a violência como meio, abdiquemos sempre do canto das sereias de respostas fáceis para problemas difíceis pois, se assim não o fizemos, seremos nós os condenados a penar no porão da história e no calabouço da nossa consciência.

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